A pandemia de covid-19 iniciada no Brasil em 2020 escancarou as desigualdades regionais brasileiras no acesso à vacinação contra covid-19. São Paulo, estado mais rico do país, foi o único a atingir a meta de 90% de cobertura vacinal completa estabelecida pelo Ministério da Saúde. Entre os municípios, apenas 16% chegaram a mais de 80% – a maioria deles no Sul do país – e cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tiveram as menores taxas de vacinação no Brasil.
A atuação negligente e desordenada do governo federal, a ausência de campanhas públicas informativas, a gestão inadequada e falta de estratégia nacional entre a União e os estados estão entre os principais fatores que impediram o país de atingir a meta vacinal.
O relatório Desigualdade no Acesso a Vacinas Contra a Covid-19 no Brasil que lançamos durante o 13º Congresso de Saúde Coletiva promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em Salvador (BA) em novembro de 2022 analisou a gestão sanitária e estratégica do governo federal durante a pandemia e oferece uma série de propostas e recomendações para que os erros não se repitam.
Conheça algumas de nossas propostas e recomendações para evitar que os erros e a negligência cometida durante a pandemia não se repitam:
Avaliar e revisar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO) sob a perspectiva das desigualdades de renda, raça/cor e gênero.
Organizar campanhas nacionais de comunicação em saúde para vacinação, com ações pró-vacina, em parceria com organizações, grupos e coletivos negros.
Retomar a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, adotando estratégias de encorajamento e regulatórias para ampliação de sua efetividade.
Ampliar financiamento das ações de prevenção de doenças infectocontagiosas e de preparação para emergências de saúde, notadamente das campanhas de vacinação.
Ampliar parcerias entre centros tecnológicos brasileiros e estrangeiros para a produção no Brasil de vacinas de interesse do SUS.
Fomentar pesquisa que promovam estratégias metodológicas em saúde coletiva de maneira a levar em conta o racismo estrutural e outras dimensões da desigualdade