17 de abril: Dia de Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo

17/04/25

17 de abril marca o Dia Internacional da Luta dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Campo, data que também é conhecida como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária no Brasil.  

A data é uma homenagem às 21 vítimas do Massacre de Eldorado dos Carajás, que foram assassinadas por forças policiais no Sul do Pará em 1996. Desde então, o dia simboliza a luta dos trabalhadores rurais e dos movimentos sociais por justiça, igualdade e dignidade no campo.  

No curso do desenvolvimento brasileiro, os trabalhadores e trabalhadoras rurais e foram deixados para trás. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, não os incluiu.  

Os direitos destes trabalhadores chegaram a “conta gotas”, e resultou da pressão dos movimentos sociais. Apenas em 1988, os(as) trabalhadores(as) foram equiparados formalmente com trabalhadores urbanos.  

Não é surpresa, portanto, que a realidade no campo ainda seja marcada por um alto grau de vulnerabilidade social e graves violações de direitos humanos. Em 2021, o Brasil possuía mais de 3,6 milhões de assalariados e assalariadas rurais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD), do IBGE. Do total de assalariados, mais de 60% estavam na informalidade. Sem a carteira de trabalho, esses grupos raramente recebem um valor superior ao salário mínimo nacional.  

Muitos(as) destes(as) também se submetem a regimes temporários de trabalho, os(as) chamados(as) safristas, que representam 90% dos(as) trabalhadores(as) resgatados(as) em casos de submissão ao trabalho análogo ao escravo, segundo dados do Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho no Brasil de 2024. Mulheres e pessoas negras são as maiores vítimas das consequências da informalidade no trabalho rural. 

Trabalhadores Rurais em Luta pela Terra
(Foto: Evelyn Freitas/Oxfam Brasil)

Para superar estes desafios, é preciso considerar o papel dos diferentes atores das cadeias produtivas. Entre as recomendações para o enfrentamento das más condições de trabalho dos empregados rurais, estão o fortalecimento dos sindicatos rurais; garantia de meios de comunicação e transporte para trabalhadores; condução de negociações coletivas periódicas e estabelecimento de quotas mínimas para a contratação de mulheres, com direito à licença maternidade de seis meses. 

Já as políticas públicas deveriam fortalecer esforços por maior transparência e responsabilização de empresas em matéria de cadeias produtivas; a atuação dos Auditores Fiscais do Trabalho, criar incentivos para melhores condições de trabalho, revisar leis para facilitar o acesso ao seguro-desemprego e aposentadoria, e implementar programas de transferência de renda para trabalhadores safristas. São mudanças essenciais em prol de um ambiente de trabalho justo e digno no campo. 

A área de Justiça Rural e Desenvolvimento da Oxfam Brasil trabalha junto a sindicatos de trabalhadores assalariados e assalariadas rurais, fortalecendo negociações coletivas setoriais. A nível nacional, atuamos pelo fortalecimento de políticas públicas e marcos normativos que assegurem os direitos dos(as) trabalhadores(as), e pela ampliação do orçamento destinado à inspeção e fiscalização das condições de trabalho. Internacionalmente, também colaboramos para cobrar e responsabilizar as empresas que contribuem para ou se beneficiam das más condições de trabalho no campo.  

Dentre nossos parceiros e alianças, estão: a Confederação Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), a Federação dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas do Rio Grande do Norte (Fetar), a Articulação dos Empregados Rurais do Sul de Minas Gerais (Adere), a Repórter Brasil e a Comissão Pastoral da Terra. 

Saiba mais sobre as atividades e projetos da área de Justiça Rural e Desenvolvimento da Oxfam, e conheça nossas publicações. 

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