Discurso de Lula na ONU articula com acerto democracia, soberania e combate às desigualdades

23/09/25

Em resposta ao discurso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), a Oxfam Brasil manifestou apoio aos eixos centrais da fala, que articularam de forma vigorosa a defesa da democracia e da soberania nacional com a agenda global de justiça climática, combate à fome e às desigualdades.

A organização destacou que a robusta argumentação sobre os riscos ao multilateralismo e a condenação veemente da situação em Gaza partem do princípio de que a soberania dos povos e a integridade das democracias são fundamentos para a paz.

Soberania, Democracia e Multilateralismo

Sobre a defesa da democracia e da soberania perante a comunidade internacional, a Diretora Executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, avaliou:

“A Oxfam reconhece a importância do posicionamento do presidente Lula ao colocar a defesa da democracia e da soberania como pilares da ordem internacional. Quando ele afirma que ‘não há paz com impunidade’ e que ‘democracias sólidas vão além do ritual eleitoral’, está corretamente vinculando a saúde da democracia à redução das desigualdades e à garantia de direitos básicos, como o direito à alimentação. Esta visão é essencial para um multilateralismo eficaz.”

Crise em Gaza e Direito Internacional

Sobre a condenação da situação em Gaza e a defesa do direito internacional, Viviana Santiago afirmou:

“A Oxfam recebe com esperança a veemente condenação feita pelo presidente Lula ao que ele chamou de ‘genocídio em curso em Gaza’, alinhando-se à posição da maioria esmagadora dos países membros da ONU. A afirmação de que ‘a fome é usada como arma de guerra’ em Gaza corresponde à realidade catastrófica que testemunhamos. Condenar estes horrores é crucial, mas é urgente que os países com maior poder de influência pressionem por um cessar-fogo imediato e permanente, garantam acesso humanitário, responsabilizem os autores de crimes internacionais e a libertem todos os reféns e prisioneiros detidos ilegalmente.”

Justiça Fiscal e Desigualdade

Sobre a taxação dos super-ricos, tema explicitamente colocado por Lula como necessário para a justiça global, ela reforçou:

Tributar os super-ricos não é opção, é urgência. Enquanto poucos acumulam fortunas obscenas, milhões enfrentam fome, guerra e colapso climático. A liderança do Brasil na ONU e no G20, ao defender que ‘os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores’, precisa se traduzir em ação concreta. É uma questão de justiça para enfrentar a fome e financiar a transição climática.”

COP30, Crise Climática e Fome

Por fim, a Oxfam Brasil saudou a centralidade dada à crise climática e à preparação da COP30, em Belém. A organização ressaltou a sintonia entre o discurso e a realidade vivida pelos mais pobres.

“A afirmação de que ‘bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática’ capta a inversão de prioridades globais. A COP30 em Belém deve ser, de fato, a ‘COP da verdade’. Líderes mundiais devem honrar seus compromissos, e os países ricos, responsáveis históricos pelas emissões, precisam prover recursos e tecnologia às nações em desenvolvimento. Combater a mudança do clima é inseparável do combate à fome, como bem lembrou o presidente ao citar os 670 milhões de pessoas que ainda passam fome no mundo.”

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