A crise climática é uma crise de desigualdade. Os super-ricos estão esgotando nosso orçamento de carbono e bloqueando as soluções.
Às vésperas da COP30, que o Brasil sediará em Belém, uma nova e alarmante pesquisa da Oxfam revela como a elite bilionária mundial está acelerando o colapso do clima para lucrar ainda mais.
Nosso novo relatório, “Saque Climático: como poucos poderosos estão levando o planeta ao colapso”, expõe dados chocantes:
- Desigualdade Extrema nas Emissões: Uma pessoa que está entre os 0,1% mais ricos do planeta emite mais carbono em um único dia do que uma pessoa entre os 50% mais pobres emite em um ano inteiro.
- Esgotamento do Orçamento Climático: Desde o Acordo de Paris, em 2015, o 1% mais rico queimou mais do que o dobro do orçamento de carbono global em comparação com a metade mais pobre da humanidade somada. Se todos vivessem como o 0,1% mais rico, o orçamento de carbono que ainda permite evitar a catástrofe se esgotaria em menos de três semanas.
- Investimentos que Destroem o Planeta: Os bilionários não só consomem de forma exagerada, mas também investem suas fortunas em setores poluentes. Quase 60% de seus investimentos estão em petróleo, gás e mineração. As emissões geradas pelos investimentos de apenas 308 bilionários superam as emissões de 118 países combinados.
- Influência Política Tóxica: Esse pequeno grupo usa seu poder econômico para dominar as negociações climáticas, financiar a desinformação e processar governos que tentam agir, garantindo que o mundo continue dependente dos combustíveis fósseis.
Este saque climático tem um custo humano: as emissões do 1% mais rico devem causar 1,3 milhão de mortes relacionadas ao calor e gerar US$ 44 trilhões em danos econômicos a países de baixa e média renda, afetando desproporcionalmente os mais pobres, os povos indígenas e as comunidades negras e periféricas.
Mas ainda há tempo para mudar. Este relatório não apenas denuncia o problema, mas também apresenta um caminho a seguir. É possível construir um futuro justo, desde que os governos ajam para:
- Taxar as grandes fortunas e os lucros excessivos das corporações de combustíveis fósseis.
- Limitar a influência política dos super-ricos, proibindo seu lobby nas COPs.
- Fortalecer a participação da sociedade civil e dos grupos indígenas nas decisões.
- Adotar uma abordagem justa para o uso do orçamento de carbono restante.