Pesquisa global revela que 8 em cada 10 pessoas apoiam taxar empresas de petróleo e gás para pagar por danos climáticos 

24/06/25

A maioria das pessoas acredita que os governos devem taxar empresas de petróleo, gás e carvão para cobrir perdas e danos relacionados ao clima, e que seus governos não estão fazendo o suficiente para combater a influência dos super-ricos e das indústrias poluidoras na política. Essas são as principais conclusões de uma pesquisa global, que reflete um amplo consenso entre diferentes afiliações políticas, níveis de renda e faixas etárias. 

O estudo, encomendado conjuntamente pelo Greenpeace Internacional e pela Oxfam Internacional, foi divulgado durante as reuniões climáticas da ONU em Bonn (SB62, 16 a 26 de junho), onde governos discutem prioridades políticas climáticas, incluindo formas de mobilizar pelo menos US$ 1,3 trilhão anuais em financiamento climático para países do Sul Global até 2035. A pesquisa foi realizada em 13 países, incluindo a maioria dos membros do G7. 

A pesquisa, conduzida pela Dynata, é acompanhada por um estudo adicional da Oxfam que mostra que um imposto sobre os lucros de 590 empresas de petróleo, gás e carvão poderia arrecadar até US$ 400 bilhões no primeiro ano. Esse valor equivale aos custos anuais estimados dos danos climáticos no Sul Global. Os custos de perdas e danos causados pelas mudanças climáticas no Sul Global devem chegar a entre US$ 290 bilhões e US$ 580 bilhões anualmente até 2030. 

Principais resultados da pesquisa: 

  • 81% das pessoas entrevistadas apoiam novos impostos sobre a indústria de petróleo, carvão e gás para pagar por danos causados por desastres climáticos impulsionados por combustíveis fósseis, como tempestades, inundações, secas e incêndios florestais. 
  • 86% das pessoas nos países pesquisados apoiam direcionar receitas de impostos mais altos sobre empresas de petróleo e gás para comunidades mais afetadas pela crise climática. As mudanças climáticas atingem desproporcionalmente países do Sul Global, historicamente menos responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa. 
  • Quando perguntados sobre quem deve ser taxado para ajudar sobreviventes de desastres climáticos causados por combustíveis fósseis, 66% das pessoas nos países pesquisados acreditam que devem ser as empresas de petróleo e gás, contra 5% que apoiam taxar trabalhadores, 9% que preferem taxar bens de consumo e 20% que defendem taxar empresas em geral. 
  • 68% acham que a indústria de combustíveis fósseis e os super-ricos têm influência negativa na política de seu país. 77% dizem que estariam mais dispostos a apoiar um candidato político que priorize taxar os super-ricos e a indústria de combustíveis fósseis. 

A pesquisa da Oxfam revela que 585 das maiores e mais poluidoras empresas de combustíveis fósseis lucraram US$ 583 bilhões em 2024, um aumento de 68% desde 2019. As emissões anuais de 340 dessas corporações (com dados disponíveis) representam mais da metade das emissões globais de gases de efeito estufa causadas pelo ser humano. Suas emissões em apenas um ano são suficientes para causar 2,7 milhões de mortes relacionadas ao calor no próximo século. 

Um imposto sobre os lucros dessas empresas garantiria que a energia renovável seja mais lucrativa que os combustíveis fósseis, incentivando investimentos em energias limpas e evitando mais mortes impulsionadas pelas mudanças climáticas. Esse novo imposto deve ser acompanhado por taxas mais altas sobre os super-ricos e outras empresas poluidoras. Os governos devem implementar tais impostos nacionalmente e engajar-se positivamente na ONU para garantir um acordo global justo. 

“As pessoas entendem que tempestades, inundações, secas, incêndios florestais e outros eventos climáticos extremos são alimentados por empresas de petróleo e gás. Em vez de deixar comunidades lidarem sozinhas com esses custos devastadores, os governos podem liberar grandes somas de dinheiro para investir em soluções climáticas, fazendo com que as empresas poluidoras paguem”, disse Rebecca Newsom, Líder Política Global da campanha “Stop Drilling, Start Paying” do Greenpeace. “O Pacto ‘Poluidores Pagam’ une comunidades na linha de frente de desastres climáticos, cidadãos preocupados, socorristas como bombeiros e grupos humanitários em todo o mundo para exigir que os políticos ajam agora, fazendo os poluidores — e não as pessoas — pagarem pelos danos climáticos.” 

Amitabh Behar, Diretor Executivo da Oxfam Internacional, afirmou: “Empresas mega-ricas de carvão, petróleo e gás sabem há décadas sobre os danos que seus produtos poluentes causam à humanidade. Elas continuam lucrando com a devastação climática, e seus ganhos destroem a vida e os meios de subsistência de milhões de mulheres, homens e crianças, principalmente no Sul Global, que menos contribuíram para a crise climática. Os governos devem ouvir seu povo e responsabilizar os poluidores ricos por seus danos. Um novo imposto sobre indústrias poluidoras poderia fornecer apoio imediato e significativo a países vulneráveis ao clima e, finalmente, incentivar investimentos em renováveis e uma transição justa.” 

Viviana Santiago, Diretora Executiva da Oxfam Brasil, afirmou: “No Brasil, os efeitos da crise climática têm cor, gênero e território. As populações negras, periféricas e, em sua maioria, lideradas por mulheres são as mais afetadas por enchentes, secas e desastres ambientais. Taxar as grandes empresas de petróleo e gás é uma medida urgente de reparação histórica e justiça climática. Os governos não podem mais fechar os olhos para o fato de que a devastação do clima tem como pano de fundo o racismo ambiental e a desigualdade. É hora de fazer os verdadeiros responsáveis pagarem, para que possamos investir em soluções sustentáveis e proteger as vidas que sempre estiveram na linha de frente da resistência.”

Notas para editores 

1] A pesquisa foi realizada pela empresa de pesquisa de mercado Dynata em maio-junho de 2025, no Brasil, Canadá, França, Alemanha, Quênia, Itália, Índia, México, Filipinas, África do Sul, Espanha, Reino Unido e EUA. Juntos, esses países representam quase metade da população mundial. Resultados disponíveis aqui

[2] Documento de contexto do GSCC

[3] O modelo de imposto sobre lucros de poluidores da Oxfam é explicado neste blog e nota metodológica. A nota também detalha as emissões das empresas de combustíveis fósseis e seus impactos em mortes relacionadas ao calor, calculadas com base nas emissões de 2023. 

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