Dados mostram que 67% das pessoas que vivem em áreas de risco ambiental no Brasil são negras (IPEA, 2022). Essa não é uma coincidência, mas resultado de um histórico de exclusão territorial, racismo estrutural e falta de políticas públicas.
Além disso, na América Latina, mulheres negras e indígenas são as mais afetadas por desastres naturais. Exemplos recentes:
- Furacão Julia (2022): 80% das pessoas deslocadas em Honduras e Nicarágua eram mulheres negras ou indígenas (ACNUR, 2023).
- Secas no Brasil: 56% das famílias chefiadas por mulheres negras reduziram refeições em 2023 por falta de alimentos (Rede PENSSAN).
Isso acontece porque:
✅Elas estão mais expostas (vivendo em áreas vulneráveis, como encostas e periferias).
✅ Têm menos recursos para se adaptar (acesso limitado a água, moradia segura e assistência pública).
✅ São as principais responsáveis pelo sustento familiar e cuidados em situações de crise.
Racismo Ambiental e Injustiça Tributária
A desigualdade não para nos desastres. O sistema tributário brasileiro também penaliza mulheres negras:
✅ Elas gastam 10,8% da renda com impostos indiretos (como luz e gás), enquanto famílias chefiadas por pessoas brancas pagam 9,7% (Oxfam Brasil).
✅ Isso acontece porque consomem mais itens essenciais (que têm alta carga tributária) e têm menos acesso a isenções.
Ou seja: elas pagam mais para viver com menos, num ciclo que reforça a pobreza e a vulnerabilidade climática.
Falta de Representação Política = Falta de Soluções
Mulheres negras são 28,5% da população brasileira, mas ocupam menos de 2% das cadeiras no Congresso Nacional. Enquanto países como Costa Rica e Panamá já têm cotas de 51% para candidaturas femininas, o Brasil ainda patina na 133ª posição global em representatividade de mulheres na política.
Como isso piora a crise climática?
✅ Políticas públicas não chegam a territórios periféricos e comunidades tradicionais.
✅ Não há vozes negras em decisões sobre meio ambiente e adaptação climática.
✅ Soluções locais (como práticas ancestrais de manejo da terra) são ignoradas.
Resistência e Soluções das Mulheres Negras
Apesar de tudo, mulheres negras estão na linha de frente das respostas à crise climática:
✅ Quebradeiras de coco babaçu: Preservam a biodiversidade e geram renda sustentável.
✅ Quilombolas e indígenas: Protegem territórios ameaçados pelo desmatamento.
✅ Lideranças urbanas: Criaram sistemas comunitários de alerta de enchentes e mutirões de reconstrução.
Essas mulheres não são vítimas passivas, são protagonistas de soluções. Mas precisam de apoio:
✅ Mais representação política para influenciar políticas públicas.
✅ Investimento em territórios negros e periféricos (saneamento, moradia, acesso à água).
✅ Reforma tributária justa, que não sobrecarregue quem já vive com menos.
O Que Podemos Fazer?
Neste 25 de julho, a luta das mulheres negras pela justiça climática deve ser de todas e todos. Algumas formas de apoiar:
✅ Amplificar suas vozes: Apoiar coletivos, marchas (como a Marcha das Mulheres Negras) e candidaturas negras.
✅ Cobrar políticas públicas: Exigir que governos priorizem moradia digna, proteção ambiental e reparação histórica.
✅ Apoiar economias locais: Consumir de empreendedoras negras e cooperativas sustentáveis.
A crise climática não é neutra: ela escancara desigualdades históricas. Mas também mostra que as mulheres negras já têm as respostas, só precisam de espaço e recursos para transformá-las em realidade.