Declaração pública da Oxfam sobre a Segunda Carta da Presidência da COP30

09/05/25

Em resposta à última carta da Presidência da COP30, Viviana Santiago, Diretora Executiva da Oxfam Brasil, declarou: 

“O Brasil não pode ser apenas o anfitrião; precisa ser o protagonista de uma verdadeira virada na governança climática. A COP30 deve ir além dos discursos e garantir que povos indígenas, comunidades quilombolas, periferias e mulheres negras, que já protegem nossos biomas, tenham poder real na tomada de decisões. Caso contrário, será mais um palco para a hipocrisia climática.” 

Nafkote Dabi, Líder de Política Climática da Oxfam Internacional, complementa: 
“Enquanto o Norte Global procrastina, o Sul Global sofre. A COP30 precisa ser o ponto de virada que reverta essa lógica perversa. Não podemos aceitar que ‘contribuições voluntárias’ virem moeda de troca para o greenwashing corporativo. Justiça climática exige financiamento real, transferência de tecnologia e reparações históricas.” 

A Oxfam reconhece os avanços apresentados na Segunda Carta da Presidência da COP30, que propõe estruturas participativas como os Círculos de Liderança e a Força-Tarefa Global. No entanto, alertamos para lacunas graves que podem transformar essas boas intenções em mera retórica, repetindo os erros das COPs anteriores. 

Nossas Principais Preocupações: 

  1. Participação Social 
    Os Círculos Populares não têm mecanismos claros de governança e controle social. Sem critérios transparentes para seleção de lideranças, corremos o risco de reproduzir as mesmas exclusões que denunciamos. 
  1. Justiça Climática nas Periferias 
    O documento trata a justiça climática como um tema acessório, não como um pilar estrutural. Como afirma Viviana Santiago: “Não há transição justa sem enfrentar as desigualdades raciais, de gênero e territoriais que amplificam a crise climática.” 
  1. Risco de Captura Corporativa 
    A proposta de contribuições autodeterminadas, sem critérios socioambientais rígidos, pode transformar a COP30 em vitrine para o greenwashing. Nafkote Dabi alerta: “Vemos empresas poluidoras usando as COPs para maquiar seus crimes ambientais.” 
  1. Governança Sem Transparência 
    A carta não detalha estruturas de decisão ou mecanismos de prestação de contas. Como exigir compromissos reais sem transparência? 

Nossas Propostas Concretas: 

  • Criação imediata de um Conselho Consultivo Independente com paridade étnico-racial, de gênero e territorial. 
  • Estabelecimento de critérios vinculantes para contribuições do setor privado. 
  • Mecanismos de prestação de contas climática com participação social. 
  • Garantia de 30% dos assentos para povos tradicionais nas mesas de decisão. 
  • Um fundo climático com gestão compartilhada pela sociedade civil. 

“A COP30 acontecerá no coração da Amazônia. Será a COP da justiça climática ou mais uma COP de frustração”, conclui Viviana Santiago. 

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