Origem da Comissão Pastoral da Terra em 1975
Em junho de 1975, em resposta à grave situação vivida pelos trabalhadores rurais, posseiros e peões, sobretudo na Amazônia, explorados em seu trabalho, submetidos a condições análogas ao trabalho escravo e expulsos das terras que ocupavam, nasceu a Comissão Pastoral da Terra (CPT), durante o Encontro de Bispos e Prelados da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizado em Goiânia (GO).
Apesar de nascer dentro da Igreja Católica, a CPT logo adquiriu caráter ecumênico, que emergiu tanto dos trabalhadores que eram apoiados, quanto dos novos agentes pastorais que se somavam à luta por justiça rural.
Entre os dias 21 e 25 de julho de 2025, a CPT realizou seu V Congresso Nacional, na cidade de São Luís, Maranhão, marcando seus 50 anos de existência. Com o tema “CPT 50 anos – Presença, Resistência e Profecia” e o lema “Romper Cercas e Tecer Teias: A Terra a Deus Pertence! (cf. Lv 25)”, 1026 pessoas, entre agentes da CPT, parceiros, povos, comunidades e trabalhadores do campo, das águas e das florestas de todo o país, se encontraram para partilhar saberes e aprendizados, lutas e conquistas desses 50 anos, mas também para olhar para o futuro e traças novas estratégias.

50 anos de CPT: o V Congresso Nacional em São Luís
No V Congresso da CPT, foi o lançado do Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro, documento inédito que traz uma radiografia do campo no Brasil por meio da análise de quase quatro décadas de conflitos. Trata-se do mais abrangente, rigoroso e sistemático levantamento de dados sobre os conflitos no campo existente no país. O trabalho teve como base o registro contínuo de dados pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc), criado em 1985, onde se encontram arquivadas informações físicas e digitais coletadas pela rede pastoral.
Em quatro eixos de atuação: 1) Terra / Território: conflitos, lutas e resistências; 2) Pastoralidades / Fé / Espiritualidades; 3) Relações de Gênero e Étnico-Raciais / Mulheres / LGBTQIAPN+ e 4) Juventudes, a CPT reforça sua missão de estar junto aos povos da terra e das águas, para estimular e reforçar seu protagonismo, de forma solidária, profética, ecumênica, fraterna e afetiva.
O agente pastoral José Carlos, da CPT NE2, declarou que ficou feliz em ver como a agroecologia ganhou espaço das discussões dentro da organização: “Fomentar a transição agroecológica como política de enfrentamento ao agronegócio, mas também como ferramenta de permanência na terra é uma estratégia que reforça os conhecimentos das comunidades”. Já no espaço “Tenda Tambor de Crioula”, coletivos de mulheres do Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Paraíba ressaltaram a importância do papel das mulheres nesse processo, como camponesas e guardiãs de sementes, sendo pontes entre a ancestralidade e o futuro.
A CPT é uma importante parceira da Oxfam Brasil. Trabalhamos com a CPT NE2, nos estados do Rio Grande do Norte e Pernambuco, nas cadeias da fruticultura e da cana-de-açúcar, bem como na luta pela terra. No projeto Cultivando Mudanças, com foco no protagonismo de mulheres e juventudes, contribuímos para a ampliação e valorização da produção agroecológica como estratégia para reforçar a posse da terra e a resiliência climática de comunidades camponesas afetadas pela violência no campo e pelos impactos decorrentes das atividades do agronegócio.