Reação da Oxfam: Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento em Sevilha

03/07/25

Em resposta à conclusão da Quarta Conferência de Financiamento para o Desenvolvimento, realizada em Sevilha, Espanha, o líder de Política Global de FFD da Oxfam, Hernán Saenz, declarou:

“Sevilha foi um momento-chave em uma jornada contínua para combater a desigualdade, alcançar justiça de gênero e reformar a arquitetura da dívida internacional sob a ONU. A conferência mostrou que ainda existem desafios consideráveis para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Mas também abriu caminho para que governos construam mais coalizões para taxar os super-ricos, financiar os cuidados e colocar a igualdade, a democracia e a sustentabilidade no centro de seus esforços. Em um contexto de incerteza geopolítica, o multilateralismo é o caminho a seguir.”

“Apesar da ambição limitada do Compromisso de Sevilha — no qual os países ricos se esquivaram de sua responsabilidade de agir diante da crise da dívida e continuaram a priorizar o financiamento privado para o desenvolvimento —, esta conferência também mostrou o que a cooperação internacional pode alcançar quando há vontade política. Nossa nova pesquisa revelou que a nova riqueza do 1% mais rico aumentou em mais de 33,9 trilhões de dólares desde 2015. Isso seria suficiente para acabar com a pobreza anual 22 vezes, e mesmo assim mais de três bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com pagamentos da dívida do que com educação ou saúde. Por isso, saudamos a nova aliança para taxar os super-ricos, lançada por Espanha e Brasil, com o apoio da África do Sul e do Chile.”

“Estamos muito preocupados com as limitações impostas à sociedade civil ao longo da conferência, impedindo que cumpríssemos nosso papel: dizer a verdade ao poder. As organizações da sociedade civil são a espinha dorsal da democracia. A ONU foi criada para defender os direitos humanos — se ceder à tendência global de restrição do espaço cívico, comprometerá sua legitimidade.”

A diretora executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, acrescentou:

“O protagonismo do Brasil na construção da aliança para taxar os super-ricos reflete o reconhecimento, cada vez mais claro no Sul Global, de que a desigualdade é uma escolha política. Em um cenário de austeridade, endividamento e retirada de direitos para a maioria da população, é inaceitável que a extrema riqueza continue intocável. A tributação justa é uma questão de justiça.

“Sevilha revelou tanto o poder quanto os limites da cooperação internacional. A relutância dos países ricos em assumir responsabilidades diante da crise da dívida contrasta com a ousadia demonstrada por países como Brasil, África do Su, Espanhal e Chile. É essencial manter e ampliar essas coalizões, porque sem reformas estruturais e redistribuição, a promessa dos ODS continuará fora do alcance.”

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