A Oxfam Brasil, organização que atua no combate às desigualdades e injustiças sociais, reforça seu apoio à iniciativa da Coffee Watch, que apresentou uma petição formal ao Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) exigindo o bloqueio de importações de café ligado a trabalho escravo ou condições análogas à escravidão. A medida visa pressionar grandes empresas compradoras como Starbucks, Nestlé, JDE (Jacobs Douwe Egberts), Dunkin’, Illy e McDonald’s a adotarem práticas comerciais éticas em suas cadeias de produção no Brasil e em outros países.
A petição se baseia em investigações que expõem violações trabalhistas graves em plantações de café no Brasil, Colômbia, Honduras e Guatemala, incluindo casos documentados de trabalho escravo contemporâneo, jornadas exaustivas, alojamentos precários e pagamento abaixo do mínimo legal.
No Brasil, o relatório Macha da Café, da Oxfam Brasil, expôs como a precarização afeta trabalhadores rurais em regiões produtoras como Minas Gerais e Espírito Santo. Globalmente, a Oxfam publicou o relatório A Bitter Cup (Um Copo Amargo), que revelou como a pressão por preços baixos nas cadeias de café pelo mundo perpetua a pobreza e a exploração de trabalhadores rurais.

Agora, a ação da Coffee Watch amplifica essa luta, usando mecanismos legais dos EUA, como o Tariff Act of 1930, que proíbe a importação de produtos fabricados com trabalho forçado.
O estudo Mancha de Café revelou que:
- 76% dos trabalhadores rurais entrevistados não conseguem cobrir custos básicos com sua renda;
- Falta de transparência nas cadeias de grandes empresas perpetua violações;
- Mulheres recebem até 40% menos que homens nas mesmas funções.
Ravenna Alves, coordenadora de Justiça Rural e Desenvolvimento da Oxfam Brasil, enfatiza: “Não podemos aceitar que o café consumido globalmente seja produzido às custas de direitos humanos violados. As empresas têm o dever de rastrear suas cadeias e cortar relações com fornecedores envolvidos em exploração. Esta petição é um passo crucial para frear um ciclo perverso que mantém trabalhadores em condições degradantes enquanto multinacionais lucram bilhões.”