Em resposta ao último texto do ‘Mutirão’, Nafkote Dabi, Líder de Política Climática da Oxfam Internacional, disse:
“Enquanto a COP30 corre para o seu encerramento, líderes mundiais estão apostando com o planeta — e com a vida das pessoas mais pobres. Os países ricos estão tratando o financiamento para adaptação como moeda de troca. Mas o financiamento para adaptação é um bote salva-vidaspara todas as pessoas, desde agricultores enfrentando safras perdidas até famílias já deslocadas por desastres climáticos.
“As nações ricas devem se comprometer com pelo menos US$ 120 bilhões por ano em financiamento para adaptação no período pós-2025, além de levantar os fundos restantes para cumprir a meta anual de US$ 300 bilhões em financiamento climático acordada no ano passado. Qualquer coisa menos que isso deixa as comunidades na linha de frente perigosamente expostas.
“É inaceitável que o novo texto não inclua o desenvolvimento de um roteiro para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis e não tenha ‘dentes’ para responder a uma perigosa lacuna de ambição resultante dos planos climáticos fracos que os países apresentaram. Um roteiro é essencial e deve ser justo, equitativo e apoiado por um apoio real para o Sul Global. Os países desenvolvidos, que enriqueceram com suas economias baseadas em combustíveis fósseis, devem eliminar progressivamente primeiro e mais rapidamente, enquanto financiam trajetórias de baixo carbono para o Sul Global.”
“É inaceitável que o novo texto não inclua o desenvolvimento de um roteiro para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis e não apresente mecanismos robustos para responder à perigosa lacuna de ambição resultante dos planos climáticos frágeis apresentados pelos países. Um roteiro é essencial — e deve ser justo, equitativo e sustentado por apoio real ao Sul Global. Os países desenvolvidos, que enriqueceram com suas economias baseadas em combustíveis fósseis, devem eliminar primeiro e mais rápido, enquanto financiam trajetórias de baixo carbono para o Sul Global.”
Além disso, Viviana Santiago, Diretora Executiva da Oxfam Brasil, disse:
“Os países do Sul Global — especialmente os mais pobres e vulneráveis ao clima — vieram a Belém buscando avanços reais em adaptação e financiamento. Com eventos extremos se intensificando, o financiamento para adaptação é um bote salva-vidaspara povos indígenas, comunidades urbanas marginalizadas e comunidades florestais que já protegem ecossistemas enquanto enfrentam secas, incêndios e deslocamentos. A COP30 precisa garantir financiamento para adaptação aos países em desenvolvimento. Qualquer coisa aquém disso deixa as comunidades na linha de frente expostas aos piores impactos climáticos.
“Saudamos o reconhecimento de que a crise climática afeta desproporcionalmente grupos marginalizados, incluindo afrodescendentes. Já passou da hora de reconhecer as desigualdades raciais e os legados do colonialismo e da escravidão. Todas as Partes devem defender esse avanço, e a sociedade civil brasileira deve seguir pressionando por financiamento para adaptação que priorize grupos historicamente negligenciados.
“A Presidência da COP30 precisa garantir um acordo que entregue justiça climática antirracista, adaptação climática para proteger grupos historicamente negligenciados, financiamento climático amplo, democrático e acessível, e um plano real e concreto — não apenas mais retórica.
“E a Presidência brasileira deve garantir que a justiça e a equidade ancorem os resultados da COP30. A COP30 não pode terminar em palavras vazias. As comunidades na linha de frente precisam de justiça, financiamento e compromissos concretos – agora.”
Notas aos Editores
Baixe o relatório mais recente da Oxfam: “Saque Climático: Como poucos poderosos estão levando o planeta ao colapso”.
