A transição energética global encontra-se num momento decisivo: pode desmantelar as desigualdades que alimentam a crise climática ou aprofundá-las. Hoje, a transição corre o risco de reproduzir padrões de extrativismo e exploração, em que os mais marginalizados pagam o preço mais alto enquanto as elites lucram. Desde a mineração de minerais críticos para a transição até aos encargos da dívida e ao acesso desigual à energia, a trajetória atual espelha séculos de injustiça colonial.
Uma transição justa deve redistribuir poder e recursos, conter o consumo excessivo e priorizar a dignidade e os direitos de todos. Este relatório delineia caminhos para construir um sistema energético baseado na igualdade, justiça, cuidado e bem-estar coletivo — onde a energia sirva à vida, e não ao lucro.
Recomendações do relatório

Adoção de uma abordagem de financiamento público em primeiro lugar para metas climáticas e de desenvolvimento, rejeitando o modelo de “Consenso de Wall Street”, que utiliza dinheiro público para garantir lucros privados.

Reconhecimento, por parte de indivíduos, empresas e países ricos poluidores, de sua responsabilidade pela crise climática — e pagamento pelos danos causados.

Reforma radical dos modelos internacionais de tributação, comércio e financiamento para eliminar barreiras atuais à transição energética justa nos países do Sul Global. Isso inclui fortalecimento da agregação de valor doméstico, transferência de tecnologia e soberania industrial.

Fim das práticas exploratórias e respeito aos direitos trabalhistas e humanos na transição energética, incluindo o reconhecimento dos direitos territoriais e da soberania dos povos indígenas.